HEGEL E O SENTIDO DO POLÍTICO
DOUGLAS RODRIGUES BARROS
Sujeito à disponibilidade do fornecedor
Editora Lavrapalavra
Área POLITICA
Idioma Português
Número de páginas 432
Edição 1ª ED 2022
ISBN 9786587311234
EAN 9786587311234
Este livro pode ser lido de três formas ácidas indissociadas - ácidas porque combativas.
Primeiro, um flanco de combate contra a tradição do hegelianismo que consolidou a imagem de um Hegel hermeticamente fechado em seu sistema e presumiu que a noção de sujeito que dali emergia era totalitária. Assemelhada às leituras que fazem Jean-Luc Nancy, Catherine Malabou, Slavoj Zizek, entre outros, temos um Hegel cuja negatividade enforma a nova contradição quando se desdobra em positivo e, portanto, Hegel se torna o filósofo da perda de essencialidade, da transitoriedade e do devir. É um sujeito que, para ser, precisa negar seus predicados.
Um segundo flanco de combate é contra a pós-verdade ou sua relativização em nome de um consenso liberal de representação. Temos em suas linhas não só a discussão sobre a ciência moderna como a maneira inventiva que a dialética hegeliana pensará os seus limites - projeto afirmado desde 1797 quando Hegel, Hölderlin e Schelling escrevem O mais antigo programa sistemático do idealismo alemão.
E o terceiro flanco, podemos afirmar, é contra o identitarismo. Nas palavras de Gilberto Tedeia, prefaciador do livro, aquilo que caracteriza a consciência identitaria é "a incapacidade de articular em si aquilo que a nega" A consciência identitária, "bloqueia e objetifica o mundo ao seu redor visando o gozo de uma unidade de modo patológico a negar qualquer diferença - o preenchimento ilusório de uma identidade fantasiosa que se depara com o nada."
Sem se dobrar à chantagem das urgências cotidianas, Hegel e o sentido do político trata, portanto, de um mergulho rigoroso na obra hegeliana capaz de indicar uma leitura crítica, não deixando dúvidas de que o paradigma do pensamento hegeliano, a despeito dos milhares de detratores da sua filosofia, permanece de pé em pleno século XX.